Charlotte
“Ninguém é realmente digno de inveja, e tantos são dignos de lástima!”, já dizia o filósofo Schopenhauer.
Essa
frase sempre ecoa em minha mente quando penso em meu passado. Se há
alguma luz diante daquela escuridão toda, essa luz se chama Peter. Única
e exclusivamente Peter.
Mas, mais cedo ou mais tarde,
eu teria de enfrentar a verdade. E agora eu teria de enfrentar para
contar aos nossos novos amigos. Meu Deus, como contar sem assustá-los?!
– Peter, como podemos começar?!
Peter era muito esperto, e saberia uma forma de começar a história.
– Acalme-se, querida, eu cuido da história!
Eu
estava impaciente. A história de vampiros que matavam por sangue e
terras não é algo que se deve contar a novos amigos. Eu juro que não
irei me surpreender se Alice e Emmett não nos quiserem mais em sua
morada. Ninguém quer assassinos dentro de casa!
Peter
Charlotte tinha razão em não saber como explicar tudo. Nem eu sabia direito.
Bom, vamos tentar da melhor forma possível.
–
Há muito tempo atrás, alguns vampiros descobriram que podiam mandar em
cidades, e assim eles conquistaram muitas cidades, grandes, imensas
extensões de terra, tudo a fim de ter muitas “cabeça” para se alimentar
depois. Acontece que os Volturi, os nossos guardiões, descobriram e
acabaram com esses vampiros.
– Aliás, vocês sabem quem são os Volturi?! – era meu amor ensinando nossos amigos.
– Sim, sabemos sim... – Alice, a pequenina e delicada, respondeu.
– Sabemos deles, só não conhecemos... – Emmett, o grandão completou.
– Isso é bom, muito bom! – Charlotte concluiu.
–
Bem, então os Volturi acabaram com eles. Tempos depois, uma vampira
chamada Maria começou a arregimentar soldados para conquistar cidades
também.
– Ela era burra!
– Sim, ela era!
Emmett se assustou quando o respondi. Creio que ele achou não ter falado, apenas pensado.
–
Bem, nesse ponto, em formar um exército de vampiros, ela era burra, mas
de resto, ela não tinha nada disso. Muito pelo contrário, ela era muito
esperta! Ela formou um exército de vampiros e os treinou, um por um,
para que lutassem pelos seus ideais, pelos seus desejos.
–
Ela era gananciosa demais! – A pequena Alice devia estar chocada com
isso. Ela nunca deve ter ouvido algo como isso, ou nunca deve ter
imaginado, mesmo sendo vampira.
– Sim.
– E onde vocês entram nisso?! – Emmett perguntou.
–
Maria procurava por soldados, lembra?! Eu fui escolhido para ser seu
soldado, e fui transformado por ela mesma. Tempos depois, apareceu
Charlotte, o amor de minha vida.
– Ela também me transformou!
Sim,
infelizmente, a Maria está presente, ainda, entre nós, entre Charlotte e
eu. Mesmo querendo fugir, ela sempre haverá de estar entre nós.
– E vocês... lutaram?!
–
Sim, fizemos tudo o que nos era encaminhado. Se não fizéssemos,
sabíamos que as consequências não seriam poucas ou leves. Vivíamos em um
mundo de vampiros bem mais cruéis e sanguinários do que os de hoje.
– Ah...
Deus, acho que eu traumatizei a pequenina Alice. Será que ela está bem?! Mais tarde eu peço para Charlotte falar melhor com ela.
– Conhecemos muitos vampiros. Vimos muitos vampiros nascerem e morrerem, às vezes, pelas próprias mãos.
Inclusive pelas minhas...
Emmett
Nossa, a história deles é bem mais perigosa do que a nossa. E eu me achando o poderoso por ter lutado com um urso!
Alice
Quando Charlotte disse que a vida deles não foi um conto de fadas, pensei que era brincadeira.
Quem sabe ela precise de compras para se sentir melhor depois dessa história?!
Charlotte
Peter
parou na metade da história. Ele não disse que ele transformou pessoas,
e que também matou pessoas. Também não citou que até eu cheguei a matar
pessoas. E não somente pessoas.
Ele encarava suas mãos
de uma forma fria, pensativa. Estava permitindo que suas piores
lembranças retornassem. Como é que poderia se sentir bem com essas
memórias?!
– Eu prossigo! – tomei a frente. Ele olhou e
concordou. – Nós, como subordinados, éramos obrigados a fazer, muitas
vezes, coisas que não gostávamos...
– Como o quê?! – Emmett quis saber.
E agora? Conto ou não conto?!
Ok, conto. Já decidi falar mesmo.
– Oh... – Alice se assustou.
– Alice, está tudo bem?!
– Ah... Sim, sim, está... – Não sei, não...
– Alice, o que você viu?! – era Emmett preocupado com sua amada.
– Bem, eu vi o que ela vai me contar. Só isso!
– Ah, me desculpe.
– Não, está tudo... bem... Desde que vocês não façam o mesmo conosco! – ela brincou rindo.
–
Mas que bobagem, querida! Como eu disse, só fazíamos aquilo porque
éramos obrigados, caso contrário, não faríamos. Além do mais, estamos
livre disso hoje em dia. Fugimos.
– Mas será o Benedito? Ninguém vai me contar o que está acontecendo, poxa?! – Emmett explodiu curioso.
–
Sim, eu conto. Depois de um ano, essa “força extra” dos vampiros acaba e
eles ficam apenas com a força “normal” da espécie. E ficam com seus
dons. Mas para a guerra, depois que eles perdem sua força, eles não nos
servem tanto, então temos de... enfim... exterminá-los. Matamos os que
não prestam mais.
– E fugimos porque eu ajudava um amigo
a matar todos, e um certo dia, percebi que Charlotte seria morta. Não
resisti, mandei-a correr o máximo que pudesse. Nosso amigo que
entendesse a minha situação, caso contrário, não era meu amigo.
–
Sim. E fugimos juntos, até que resolvemos encontrar esse nosso amigo,
que por acaso, continuava com Maria no México, e então tiramos ele de
lá!
– E agora ele fica conosco!
– Ah... – foi tudo o que Alice conseguiu dizer de nossa longa história.
– Legal!!! – Emmett foi mais... ele!
Alice
Eu não esperava ouvir tanto de apenas duas pessoas. Meu Deus, eles sofreram bastante!
Mas,
de qualquer forma, eu não estava errada em pensar mal deles antes. Eles
já mataram vampiros antes. Eu tinha o meu medo justificado!
Ops...
Uma visão. Estávamos, Charlotte e eu, conversando sobre a moda nos
Estados Unidos, enquanto os meninos estavam jogando baralho.
– Alice? O que foi dessa vez, querida?!
–
Nada demais! Só algumas conversas de mulheres – me levantei e fui até
Emmett. Ofereci a mão para ele, ele aceitou e então levantou-se. Levei-o
até Peter. – Pronto. A cozinha é ali e o baralho está no armário da
parede. Vocês podem se divertir o quanto quiserem, já que Charlotte e eu
estaremos ocupadas discutindo sobre moda.
– Mas... mas... – Emmett estava querendo se fazer de difícil... Ai ai, homens...
– Não tem “mas”, não. Vai, vai! Vai ser divertido! Vai!!!
Eles foram e nós ficamos.
Realmente
foi divertido. Charlotte sabia bastante de moda, apesar de não ter
roupas muito boas. Subimos para o meu quarto e dei um ou outro vestido
para ela, afinal, o seu vestido estava sujo e maltrapilho.
Descemos e percebemos que o Sol já estava raiando.
– Nossa, o tempo passou rápido! – Peter disse.
– Sim, talvez devêssemos ir. Temos de encontrar nosso amigo ainda!
– Sim.
Charlotte se virou para mim de repente.
–
Gostaria de conhecer o casinha onde estamos ficando?! Está meio
abandonado, mas serve de abrigo contra o Sol, caso alguém apareça!
– Sim, adoraríamos, não é Emmett?!
– Sim, claro!
Saímos
e fomos em direção à floresta. Não havia ninguém na rua ainda. Assim
que chegamos na floresta, desatamos a correr em nossa velocidade
vampírica. Ai ai, era tão bom. Me dava uma sensação de liberdade. Eu
quase podia voar.
Mas durou pouco tempo.
Chegamos
em uma casinha abandonada, coberta de musgos. Ela ficava quase que à
beira de um precipício, e realmente dava para avistar uma linda
cachoeira cair do outro lado do rio. Era linda a paisagem!
– Sintam-se em casa, também! – Charlotte brincou.
Entramos na casa deles e um moço estava sentado de frente à janela, ele encarava a cachoeira.
Quando
entramos, ele olhou para nós. Mais especificamente, para mim. E eu para
ele. E ele era... perfeito! E ele não é estranho para mim, conheço ele
de algum lugar... Mas, mesmo assim, ele é lindo, encantador!!!
– Oi, meu nome é Alice!
–
Oi – ele se levantou da cadeira e veio até mim, pegou minha mão e deu
um beijinho na palma, como um legítimo cavalheiro. – Meu nome é Jasper!
Oh, não... É ele! É ele! É... É o Jasper!!!
Ai, meu Deus!!!
Autora - Alice Whitlock
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