Ana
Paula Carneiro ou Ana Paula Fanfics, como é mais conhecida aqui no blog,
aceitou dar-me uma pequena entrevista para que assim possamos ver o mundo
através dos seus olhos.
Ana
Paula Carneiro é autora de inúmeras fanfics, dentro as quais estão A Voz De Um Anjo e Scorpius – Mata-me De Prazer.
O
que dizem os teus olhos?
Pra quem os vê ou o que eu vejo através deles? (risos) Ah, não sei... acredito
que os olhos são as portas da alma, mas são poucos aqueles que sabem desvendar
os segredos de um olhar. O meu, por exemplo, pode dizer muita coisa. Minha
história toda está por detrás de meus olhos. Pra quem sabe ver, eu conto muita
coisa com um simples olhar...
Se
tivesses que escolher 7 palavras para te descreveres, quais seriam?
Só sete? Ok... vamos lá. Hum... persistente seria uma delas. Determinada,
descontraída, curiosa, misteriosa (que mulher não é?), insana... tem mais uma,
não é? Hum... acho que vou deixar essa à imaginação, já que cada um tem seu
parecer sobre tudo o que conhece, incluindo as pessoas.
Quando
é que começas-te a escrever?
Acho que sempre escrevi. De início, era o amor pela leitura. Assim que aprendi
a ler, comecei a ler tudo o que podia ser lido; até mesmo rótulos e receitas
(risos). Então, quando surgia a oportunidade na escola, eu escrevia. E tudo o
que eu escrevia era bem recebido; pois tudo, tudo, eu escrevia com o coração.
Amava fazer redações escolares, ao contrário de todos os meus colegas. Quando
as redações não eram mais suficiente, passei a rabiscar em casa mesmo. Escrevi
muita coisa inútil... só comecei a me afincar e a amadurecer na escrita depois
que conheci o mundo fanfiction e decidi escrever por lá.
Quais
são para ti, os ingredientes básicos de uma história?
O autor deve conhecer e compreender cada personagem criado por ele.
Compreendendo os personagens, o autor pode colocá-los no ambiente que quiser;
qualquer que seja sua escolha, a história se desenvolverá por si só.
“O
segredo é não amarrar a narrativa, deixando que ela crie asas e voe pra onde
bem entender. Quando escrevo, nunca faço planos. E quando essa vontade é mais
forte do que minhas convicções, acabo usando nada das coisas que pensei
(risos).
“A
boa história é aquela que tem vida própria. É aquela leitura com a qual você se
identifica; amando ou odiando, você considera os personagens como pessoas e não
como simples ficção. Pra mim, isso é uma boa história.
Em
que é que te inspiras para escrever as tuas fanfics?
Eu sonho muito, muito mesmo. Como minha irmã Raquel costuma dizer, só eu tenho
sonhos tão loucos. Boa parte de minhas fanfics fizeram parte de meus sonhos
antes de finalmente serem transcritas para o word. Outras, eu li algo de que
gostei e, assim, acabou nascendo uma ideia no fundo de minha mente; essa ideia
cresceu, tomou forma e não mais pôde ser controlada. E ainda existem os
insigths; de repente, do nada, surge uma ideia.
“Vou
tomar como exemplo The Art of The Lie, Cartas de um Amor Proibido e The Killer
– Sombras do Passado.
“Com
The Art, eu sonhei; apesar de ter sido apenas algumas cenas bem confusas,
acordei com a ideia formada. Daí foi só começar a desenvolver que a narrativa
adquiriu vida própria, se prolongando até a atual 3² Temporada.
“Já
com Cartas, eu havia lido uma fanfic do gênero, já que o tema é um tanto quanto
batido. E, antes que eu pudesse perceber, lá estava a ideia, comichando. Quando
percebi, estava rascunhando o primeiro texto erótico que Bella escrevia
pensando em seu professor Edward Cullen. Daí por diante, a história se desenrolou.
E eu nem mesmo tentei contê-la, já que esse esforço é mesmo inútil.
“Com
The Killer, foi o insight. Eu estava no trabalho quando, do nada, me veio a
ideia. Simplesmente corri até o caderno que eu sempre carregava comigo e
rabisquei aquele esboço. Depois, desenvolvi a ideia que, além da fanfic, me
inspirou a escrever um livro (ainda em fase de produção).
“Enfim,
minhas inspirações são diversas. Sou uma pessoa sensível, então tudo pode me
inspirar.
Consideras
que em tudo o que escreves-te até aqui há sempre “um pedaço de ti”?
Não me considero uma escritora madura (ainda há muito o que percorrer), mas
acredito que o que faço é algo parecido com arte (risos). Então, como toda
arte, minha alma está naquilo que escrevo. Não construo personagens principais
que são uma réplica da minha pessoa, mas coloco sim um pouco de mim em cada
história que escrevo.
“Não
precisa ser uma característica física, moral ou qualquer coisa do gênero. Pode
ser um pensamento... algo que o leitor nem mesmo perceberá se não estiver
atento. Procuro sempre construir personagens diferentes a cada história, então
eles acabam não se parecendo muito comigo. E também não são aquilo que eu
gostaria de ser, antes que alguém suponha isso (risos).
Há
alguma fanfic que consideres a tua principal (aquela que consideras que surgiu
o teu expoente máximo)? Se sim, qual e de onde surgiu a ideia?
Sim, há. Poucas pessoas leram tal fic, mas é uma que tenho em alta conta. Foi
rápida, mas foi intensa. E eu a considero como uma criação inspirada pelos
deuses, tamanho o sentimento envolvido na trama. É tudo muito intenso... até
hoje, sempre que releio, choro ao ler. Seu nome é Antes que Meus Olhos se
Fechem e é uma short-fic muito curta. A ideia comichou em minha mente durante
um bom tempo, mas eu não sabia como desenvolver. De todas as formas que eu
colocasse no papel, não ficava bom; não condizia com o espírito da coisa. Até
que, finalmente, cheguei à essa short-fic e fiquei imensamente satisfeita com o
resultado.
Scorpius – Mata-me de Prazer é uma fanfic com um tema fora do comum. Quando
estivestes a escreve-la, alguma vez pensas-te em desistir por causa da opinião
das outras pessoas?
Não, não; jamais! Algumas pessoas, durante o desenrolar da trama, tentaram me
fazer mudar isso ou aquilo, mas me recusei. Não que eu seja orgulhosa ou algo
do gênero. Apenas acredito que a história está com o autor; dentro dele, está o
começo, o meio e o final de cada uma de suas histórias. Às vezes, é algo fora
de nós que nos inspira, mas a essência da história sempre estará em nós. E é
por isso que me recuso a mudar o rumo de uma história só por que esse ou aquele
quer.
“Além
de ser uma temática polêmica (sexo, sexo e mais sexo), uma amiga minha até
mesmo comentou que eu ousei ao construir um romance tão diferente entre os
protagonistas (sério, quase fui morta no último capítulo da fanfic, antes do
epílogo), eu ainda dei características e um fim nada louvável a mais de um dos
personagens amados por tantos fãs da Saga Twi. Só depois que ela citou isso que
parei pra pensar... mas não me arrependi do que tinha feito. Acredito que fiz
um bom trabalho com o pouco que tinha.
A Voz de Um Anjo é outra das tuas fanfics com um tema que nos faz
pensar. A ligação entre paciente/enfermeira foi tão levada ao máximo que nos
fez leitores suspirar, chorar, etc. Onde é que foste encontrar inspiração para
escreve-la? Alguma experiência próxima de ti?
A Voz de um Anjo foi concebida em um insight. Apesar de eu não ter seguido
carreira, cursei 1 ano e meio do curso técnico em Enfermagem. E foi em uma aula
que a ideia nasceu. Eu tinha começado a escrever há pouquíssimo tempo e já
levava duas fanfics nas costas, apesar do pouquíssimo tempo do qual dispunha
(essas fanfics eram Ironia do Destino, minha primeiríssima fanfic, e No Limite
do Sobrenatural, uma das minhas poucas que não são de Twilight). Aí, do nada,
enquanto eu tentava não dormir na sala de aula, a ideia me veio. Rabisquei o
esboço de um enredo e, assim que cheguei em casa, escrevi o primeiro capítulo.
Graças ao pouco tempo disponível, os capítulos eram mínimos. Só no fim da
fanfic foi que eu trabalhei alguns dias mais em cada capítulo, fazendo-os um
pouco maiores e mais elaborados.
Para
quem a Ana Paula escreve?
Ana Paula escreve para o mundo em uma tentativa de não enlouquecer com as
ideias que comicham em sua mente. Poucas pessoas sabem disso, mas sou
hiperativa. Não por fora, mas sim por dentro; minha mente trabalha, em média,
três vezes mais do que a maioria das pessoas. Assim, se eu não escrever,
voltarei a pensar nas histórias enquanto tento dormir (que era o que eu fazia
quando não escrevia), deixando que elas se desenrolem em minha mente como uma
espécie de filme. E aí serão mais e mais noites de insônia. Escrever, de
repente, se tornou grande parte do que sou.
O
mundo está aos teus pés quando…
Ah, não sei dizer. Tudo o que posso falar quanto a isso é que, quando escrevo,
de certa forma eu entendo melhor as pessoas e o mundo que me cerca. Escrever
sobre problemas e traumas alheios me ajudou a compreender melhor as pessoas.
Assim, de certa forma, o mundo não fica aos meus pés; sou eu que fico aos pés
do mundo de alguém. Fictício ou não... quem pode saber?
Daqui
a 20 anos vou…
...
provavelmente estar casada, sem filhos (se Deus quiser) e escrevendo profissionalmente.
Esse é meu grande sonho; ganhar dinheiro fazendo o que mais gosto (risos). Não
pelo dinheiro, claro, mas sim pela paixão.
Ana Paula é uma
pessoa em busca de…
... respostas.
Sempre fui curiosa. Sempre, sempre fiz perguntas que ninguém mais sequer
pensava em fazer; assim, ninguém tinha as respostas pras minhas eternas
dúvidas. Escrevendo, além de compreender melhor o mundo e as pessoas que me
cercam, eu também acabo sanando muitas de minhas dúvidas. E ganhando mais três
em troca (risos).
“Ana Paula está em
uma longa jornada de busca. Ela certamente busca por respostas, sendo que a
maior parte delas são relacionadas a ela mesma. Por que é verdade que podemos
compreender o outro mais facilmente do que podemos nos compreender.
“Eu ainda não me
compreendi. Nem mesmo um terço de mim pode ser explicado ou compreendido.
Portanto, enquanto ainda houver uma única pergunta sem resposta, escreverei.
Enquanto existir algo em mim a ser explicado ou compreendido, mas não houver
meios pra tal, continuarei escrevendo.
“Então é correto
afirmar que, enquanto houver vida em mim, continuarei a espalhar histórias por
aí. E, quem sabe, até mesmo quando eu partir, não continuarei a inspirar novos
escritores?
gostaria de ler mais uma vez "cartas de um amor proibido" mais foi excluída do nyah. Como faço para encontrar? meu email é elaine_bdeoliveira.com
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